Série Pessoas da Moda: Camila Favali

Nessa terceira entrevista da série pessoas da moda, a convidada é Camila Favali de 26 anos. Formada em Desenho de Moda pela Faculdade Santa Marcelina, trabalhou com  a estilista Érika Ikezili, no Instituto Ecotece e no atelier Raquel Manzatti. Hoje é  designer da marca Alcachofra Artesanal, criada por ela há nove meses.

Camila Favali

IDD: Ao escolher o que faria de faculdade, você ficou na dúvida entre biologia e moda. O que a fez decidir pela moda?

Camila: O desejo por fazer biologia foi devido a minha admiração pela natureza e pelo estilo de vida que os profissionais desta área tem, apesar da minha vocação sempre ter sido para as artes e não para a ciência. Foi difícil admitir que moda fosse o caminho certo pra mim, devido ao pré-conceito que tinha do mercado fashion. Foi na semana da inscrição do vestibular que decidi. Percebi que a natureza poderia sempre me servir de inspiração e que o estilo de vida sou eu quem faço. Escolhi a moda como o curso de graduação e agora como o meu trabalho.
 

IDD: O seu trabalho de conclusão foi inspirado em artesanatos indígenas, como foi desde a inspiração até a conclusão?

Camila: O meu trabalho teve como ponto principal a Criação. Falei um pouco sobre a criação do universo, da cultura e da reciclagem. Assuntos que influênciaram diretamente na criação da coleção. Para desenvolver as peças inspirei-me na natureza e na cultura indígena brasileira, mais precisamente da Amazônia, onde estive para pesquisar a história, conhecer um pouco da região, do povo e comprar os materiais nativos. Como parte do trabalho reciclei as técnicas do artesanato e alguns materiais. O processo de criação deu origem a seis colares chamados de Águas, Sons, Flores, Pôr-do-sol, Terra e Fauna e Flora, confeccionados pelas sementes amazônicas e por materiais reciclados como coador de café, rolo de papel higiênico, madeira, metais e penas de aves doadas pelo viveiro da Universidade do Vale do Paraíba.



IDD: O que a fez seguir a área de joalheria?

Camila: Sempre achei ter mais facilidade para criar acessórios ao invés de roupas e também porque a joalheria é um ofício que me acalma. Até fazer o curso de bolsa de couro no Senai (depois da graduação), detestava costurar. Hoje eu gosto e penso que, quando a marca Alcachofra Artesanal estiver mais estruturada, poderei  desenvolver também roupas e fazer coleções completas.

IDD: Como surgiu a marca Alcachofra Artesanal? E como escolheu o nome?

Camila: Depois de um ano e meio de formada e de ter trabalhado em duas empresas do ramo, perdi o medo de assumir o meu desejo de ter uma marca própria e criar com mais liberdade. O nome foi escolhido pela fonética da palavra alcachofra. O som emitido me remete a algo leve mas forte ao mesmo tempo. E artesanal justamente pelo propósito da marca de criar peças feitas manualmente, em pouca quantidade e identidade própria.

Peças Alcachofra Artesanal

IDD: Onde fica seu ateliê e como você vende suas peças?

Camila: Crio e confecciono as peças em minha casa. Atualmente são vendidas em três lojas de São José dos Campos e por três representantes. Tenho também disponível pela internet através de um site de vendas.

IDD: Como a natureza influência nas suas criações?

Camila: Algumas vezes faço peças com formas literais da natureza e outras com formas mais sutis, que são as que mais gosto. Cores, sons, formas, texturas, cheiro, tudo que vejo me inspira e emociona, mas nem sempre consigo traduzir o que sinto para uma peça. Esse é um exercício que quero praticar mais e me aprimorar, pois sei que é o que tem de mais espontâneo em mim.

IDD: Qual o maior desafio de ter a própria marca?

Camila: Acho que sempre vai ter prós e contras, mas no momento o que tenho tido mais dificuldade é ter que fazer desde a criação até as compras, a confecção, administração, o blog, a distribuição das peças para venda, enfim, tudo. Por ainda estar estruturando a marca é preciso fazer de tudo um pouco. É prazeroso, mas cansativo.

IDD: Quais fontes você utiliza para se atualizar sobre moda e beleza?

Camila: Sempre gostei de pesquisar em livros e revistas de moda e arte, mas atualmente devido a tantos afazeres que tenho, estou buscando em fontes mais rápidas como os blogs e sites de moda. Acho que todas as fontes são importantíssimas para um bom embasamento, inclusive a observação da moda e comportamento na rua e das vitrines das lojas. Gostaria de ter mais tempo para ler bons livros e visitar exposições de arte. Sinto saudade da biblioteca da faculdade!

Para conhecer mais sobre o trabalho da Camila, acesse: http://alcachofrartesanal.wordpress.com/