Kica de Castro é fotógrafa e faz um trabalho prá lá de especial com sua agência de modelos para pessoas com deficiência. O objetivo é lançá-los no mercado publicitário e provar que beleza e deficiência física não são expressões contraditórias. Afinal de contas, como consta no blog da Kica: “Ser diferente também tem seu lado belo”.
IDD: Como foi sua trajetória profissional até a abertura da agência?
IDD: Como foi sua trajetória profissional até a abertura da agência?
Sou graduada em comunicação social com ênfase em publicidade e propaganda e atuei na área por cinco anos. Minha paixão porém, sempre foi a fotografia, a qual resolvi seguir em 2000. Comecei fazendo fotos em eventos sociais e corporativos e books para algumas agências de modelos e em 2002 aceitei o convite de ser chefe do setor de fotografias de um centro de reabilitação. O começo foi muito complicado: tanto para os pacientes que chegavam com baixa auto-estima e minha falta de experiência em lidar com esse público. Até o dia em que levantei num sábado de manhã e fui para 25 de março (Rua conhecida no centro de São Paulo por seu comércio popular) e comprei bijuterias, maquiagem, pente, gel, um pequeno espelho e algumas revistas de moda. As fotos continuaram sendo feitas nos padrões da instituição, porém, o paciente tinha os seus 5 minutos de vaidade. Em 2003, as pessoas começaram a me procurar para fazer books particulares e foi aí que percebi que faltavam oportunidades no Brasil de mostrar o potencial das pessoas com deficiência. Por isso, em 2007 abri no Brasil e primeira agência de modelos onde o casting é formado 100% por profissionais que tem alguma deficiência e até o momento, é considerada a única.
IDD: Qual o maior desafio em se trabalhar com modelos com alguma deficiência física?
O maior desafio é também a pior deficiência da humanidade: o preconceito. Creio que a humanidade vai levar muitos anos ainda para acabar com a discrimição, seja por raça, religião, opção sexual e até mesmo pelas limitações físicas. A sociedade tem a necessidade de criar rótulos e não é fácil mostrar que todos somos iguais. Resolvi abrir minha agência e mostrar que é possível trabalhar no mercado da moda com a diversidade, que beleza e deficiência não são palavras opostas. Com o resultado das fotos e a dedicação dos agenciados em buscar as qualificações necessárias, estamos derrubando o preconceito, que é grande, porém, vem diminuindo com o passar dos anos.
IDD: Como foi a ação que vocês realizaram no SPFW desse ano?
Na 31ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), cujo tema foi “Futuro”, a agência desenvolveu um trabalho para o Mercadinho Chic, uma mini feira permanente de moda e desing, localizada na Rua Oscar Freire em São Paulo. Como o tema desse ano diz respeito ao futuro, abranger a democracia dos tipos físicos, também é um começo. Nas passarelas externas do evento, lindas modelos com deficiência provaram com caras, bocas e muita simpatia o que vem sendo dito desde 2007: beleza e deficiência não são palavras opostas. A moda pode ser democrática e abrir espaço para esses profissionais. As modelos com deficiência escolhidas para essa ação foram a Caroline Marques, paraplégica, 29 anos e Paola Klokler, formação congênita, membro inferior esquerdo, 20 anos.
Na 31ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), cujo tema foi “Futuro”, a agência desenvolveu um trabalho para o Mercadinho Chic, uma mini feira permanente de moda e desing, localizada na Rua Oscar Freire em São Paulo. Como o tema desse ano diz respeito ao futuro, abranger a democracia dos tipos físicos, também é um começo. Nas passarelas externas do evento, lindas modelos com deficiência provaram com caras, bocas e muita simpatia o que vem sendo dito desde 2007: beleza e deficiência não são palavras opostas. A moda pode ser democrática e abrir espaço para esses profissionais. As modelos com deficiência escolhidas para essa ação foram a Caroline Marques, paraplégica, 29 anos e Paola Klokler, formação congênita, membro inferior esquerdo, 20 anos.
Caroline Marques e Paola Klokler no Mercadinho Chic para mostrar aos expositores a produção para SPFW |
IDD: Como são selecionadas as modelos? Para que tipos de trabalho? Como alguém com deficiência pode seguir a carreira?
As pessoas com deficiência que querem fazer parte do casting passam por uma entrevista e testes de qualificação profissional. Primeiro a pessoa deve encaminhar por e-mail duas fotos atuais para pré avaliação, uma de rosto e outra de corpo inteiro. Depois é agendado um dia para fazer o teste e entrevista. De acordo com cada perfil, essa pessoa é classificada: modelo de passarela, modelo fotográfico de moda ou publicitário. Vale ressaltar que o mercado esta abrindo espaço para profissionais com deficiência trabalharem como modelo, porém, ainda não é possível viver apenas com essa profissão. Hoje conto na agência com 80 agenciados, em território nacional, dentre eles homens e mulheres de 4 a 60 anos, todos com algum tipo de deficiência.
IDD: Qual dos trabalhos mais gostou de realizar?
Todos os trabalhos que fiz tenho uma paixão, principalmente quando se trata de inclusão. Porém tenho uma queda maior pelos casamentos pois amo registrar esses momentos, ainda mais quando são de pessoas da agência. As exposições fotográficas também são bem gratificantes. Ano passado a exposição “Aparelhos Ortopédicos na mira da Moda” tornou-se tema de uma de minhas palestras. atualmente esta rodando o Brasil a “Toda Nudez vai ser revelada”, que apresneta fotos sensuais de mulheres com alguma deficiência.
IDD: Ultimamente se fala muito em moda sustentável.Como você acredita que as modelos com deficiência estão inseridas nesse conceito?
No exterior essa moda esta sendo chamada de “ecofashion”. Muito mais do que separar o lixo orgânico do reciclável, é preciso pensar em todas as possibilidades de sustentabilidade. Para termos um mundo melhor, tudo precisa estar ligado com a ecologia, incluindo design e tecnologia, mesmo quando o assunto é produção de roupas. Hoje os estilistas estão trabalhando com materiais recicláveis, a garrafa PET, transformada em tecido, e o pneu, que vira solado de sapato. Nas bijuterias, utilização da madeira de reflorestamento. Esses são apenas alguns dos exemplos. O que precisa acontecer, são os estilistas associarem essa tecnologia com moda adaptada, roupas que atentam as necessidades das pessoas com deficiência, sempre valorizando a moda com conforto e praticidade na hora do vestir e se despir. No Brasil, cerca de 30 milhões de consumidores possuem algum tipo de deficiência e fazem questão de acompanhar e estar na moda.
No exterior essa moda esta sendo chamada de “ecofashion”. Muito mais do que separar o lixo orgânico do reciclável, é preciso pensar em todas as possibilidades de sustentabilidade. Para termos um mundo melhor, tudo precisa estar ligado com a ecologia, incluindo design e tecnologia, mesmo quando o assunto é produção de roupas. Hoje os estilistas estão trabalhando com materiais recicláveis, a garrafa PET, transformada em tecido, e o pneu, que vira solado de sapato. Nas bijuterias, utilização da madeira de reflorestamento. Esses são apenas alguns dos exemplos. O que precisa acontecer, são os estilistas associarem essa tecnologia com moda adaptada, roupas que atentam as necessidades das pessoas com deficiência, sempre valorizando a moda com conforto e praticidade na hora do vestir e se despir. No Brasil, cerca de 30 milhões de consumidores possuem algum tipo de deficiência e fazem questão de acompanhar e estar na moda.
Imagens: Reprodução/Kica de Castro
5 comentários:
Parabéns pelo post.
Esse é um trabalho maravilhoso.
Lindo trabalho.
Sensacional
Parabéns pelo sucesso
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